Medo do Fracasso


Podemos todos concordar que ninguém gosta de perder, que todos nós acordamos de manhã porque acreditamos que somos capazes de atingir algo na vida, algo que valha a pena, ainda que em alguns casos seja inconsciente. A verdade é que se não acreditássemos que algo bom poderia acontecer, já não estaríamos vivos. Mas alguns de nós têm um medo especialmente forte de perder. Um medo tão grande que leva à inacção, à própria destruição de todas as possibilidades de ser bem sucedido em algo nas nossas vidas. E não são assim tão poucas pessoas a agir assim (ou a não agir).

Sempre que uma vozinha nos diz que talvez não sejamos capazes, que talvez não consigamos, que é demasiado difícil, que não estamos preparados, às vezes motiva respostas rápidas, irreflectidas, bruscas, agressivas. Dizemos logo: Não quero! Não faço! Não gosto! De todas essas vezes, temos o bichinho do medo do fracasso a sussurar-nos ao ouvido. E temos de dar o nosso melhor por fingir que ele não está ali. Ele vai sempre estar presente nas nossas vidas aparecendo de tempos a tempos para nos fazer questionar tudo aquilo que queremos fazer e até mesmo os nossos sonhos, mas cabe-nos a nós decidir se esse bichinho irritante vai ter um papel importante nas nossas decisões. Quanto menos lhe dermos atenção, mais ele se vai cansar e mais depressa nos vai deixar. Não sem primeiro nos dar cabo da paciência com a sua insistência.

Quando não somos ouvidos, primeiro falamos mais alto, depois gritamos e por fim, quando percebemos que não vale mais a pena, calamo-nos.
O bichinho é igual.

Este medo vem por situações menos positivas do nosso passado em que fomos gozados, humilhados, em que nos fizeram sentir mal, inferiores ou incapazes por termos errado, mas é uma profunda incerteza quanto ao nosso presente, já que nos sentimos entre o querer fazer e o ter medo de fracassar no futuro ao tentar.

Sempre que nos sentimos na iminência de errar ouvimos um alarme a tocar bem alto que nos alerta para um perigo. Acaba por desenvolver em nós um sentimento de perfeccionismo constante em que temos de ser sempre os melhores em tudo, sem um único erro. Queremos sentir-nos mais do que humanos. Isto condena-nos a falhar sempre.

Como podemos não falhar quando pedimos de nós mesmos algo que é impossível de alcançar? É uma bola de neve.

Em alguns casos o medo chega a ser tão desproporcionado que o seu medo inconsciente não é de errar, mas sim de conseguir num nível mediano em vez de na escala máxima. Isto é também fruto desse perfeccionismo. O medo de errar vem, nesse caso, de nos querermos integrar, sentirmos que somos realmente bons em algo para que sejamos dignos de aprovação. Eu já estive neste patamar. Esforçava-me "sobrehumanamente" para ter as melhores notas na escola, queria sempre ser a melhor aluna em tudo e se tinha uma nota abaixo de 75%, ou de 16 valores mais tarde, ficava frustrada por não ter conseguido atingir o meu objectivo. Quando comecei a sentir o peso de todo o esforço que impunha a mim mesma e comecei a perceber que muitas vezes o mediano chega, que o excelente pode não servir de nada para o nosso bem-estar, só aí eu comecei a abrandar.

O mundo actual mostra-nos centenas de celebridades em todo o tipo de plataformas – cinema, televisão, internet. Faz-nos acreditar que o caminho para o sucesso é fácil, basta querermos e estamos lá. Isto tem levado cada vez mais a que as pessoas entrem em depressão por não conseguirem atingir o que querem à primeira, muitas vezes sem realmente terem dado tudo o que consigam dar. Por detrás da maior parte destas celebridades estão histórias de superação. Grande parte delas são pessoas que tiveram de arriscar tudo o que tinham para conseguirem ter o que têm hoje, seja fazer imensas entrevistas e não conseguir um único papel num filme, tentar entrar para a universidade ou terem sido toda a adolescência vistos como estranhos, pessoas com quem ninguém queria ser visto.

Todas estas contrariedades fizeram com que procurassem maneiras alternativas e criativas de conseguirem atingir o que mais queriam,
e conseguiram!

O medo de fracassar leva-nos a não agir para atingirmos os nossos objectivos, e esse sim é o maior fracasso de todos. Acredito que quanto maior o medo, quanto maior o salto no escuro para ir de encontro aos meus desejos, ao que mais quero, maior será o retorno. Posso não conseguir, posso até ter toda a gente contra mim, mas será sempre uma aprendizagem valiosa para melhorar quem sou. Assim conseguirei perceber os erros que cometi e tentar uma segunda vez. Ou mesmo uma terceira vez. Ou uma quarta. Pouco importa realmente.

Tenha em mente que o fracasso é uma opção sua. Parte de si dizer NÃO! Fracassar é desistir, baixar os braços, acreditar que não o consegue fazer quando nem todas as hipóteses estão esgotadas. Como pode saber que não é realmente possível se ainda há tanto a tentar?

Não tenha medo de falhar. Aceite que é um ser humano e não um super-herói. Os erros são as nossas maiores aprendizagens se os soubermos aproveitar. É ao errar que desmistificamos muitas das ideias erradas que pudéssemos ter e abrimos a nossa mente ao novo.

Se assim for, será falhar ou errar algo tão negativo assim?

Não tenha medo de arriscar, de fazer algo novo, algo que o assuste ou o deixe ansioso. Por vezes a nossa mente prega-nos partidas e faz-nos acreditar que estamos à beira de cair do vigésimo andar quando na verdade estamos apenas numa duna na qual podemos rebolar suavemente e acabar a contemplar o mar, ou mesmo o pôr-do-sol. Questione estes pensamentos que surgem na sua mente sem qualquer razão e que só o condicionam na sua vida.

Sinta-se realmente feliz por errar. Não é qualquer pessoa que tem a ousadia de saber que pode errar e mesmo assim faz o que quer, o que sente na sua alma que deve fazer.

Muito Amor,

Diana Pereira


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